O Espírito
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Nada a fazer amor, eu sou do bando
Impermanentemente das aves friorentas;
E nos galhos dos anos desbotando
já as folhas me ofuscam macilentas;
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E vou com as andorinhas. Até quando?
À vida breve não perguntes: cruentas
Rugas me humilham. Não mais em estilo brando
Ave estroina serei em mãos sedentas.
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Pensa-me eterna que o eterno gera
Quem na amada o conjura. Além, mais alto,
Em ileso beiral, aí espera:
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Andorinha indemne ao sobressalto
Do tempo, núncia de perene primavera.
Confia. Eu sou romântica. Não falto.
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(Natália Correia - Nasceu na Ilha de S. Miguel-Açores em 13/09/1923 e morreu em
Lisboa em 16/03/1993. Importante figura da cultura portuguesa da segunda metade
do século XX, notabilizou-se como poetisa e como política.)