ENCERRAMENTO
Agradeço a todos quantos, nestes meses de existência, nos distinguiram com
a sua visita e comentário.
A todos por igual envio um abraço amigo.
Até sempre.
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Agradeço a todos quantos, nestes meses de existência, nos distinguiram com
a sua visita e comentário.
A todos por igual envio um abraço amigo.
Até sempre.
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Foi-se, enfim, o amor que luzia,
estrela cadente, no céu que prateia.
Ficou o sonho, no peito que ardia,
Fazendo rima com a lua, confidente e cheia.
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Foram-se os risos, que o verso floria,
restando as lágrimas, rio que o passado margeia.
Não haverá mais rima, nos olhos que havia;
só a dor que é noite, sol que não clareia.
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E naquele que parte, sem aparente agonia,
vai a terra, que outra vez se semeia,
doce jardim, florido e belo algum dia.
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E no que fica, com a paixão que ninguém cria,
cai a chuva, no coração feroz que incendeia:
faz em cinzas, uma paixão demente que vivia.
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Não digas nada!
Nem mesmo a verdade
Há tanta suavidade em nada se dizer
E tudo se entender -
Tudo metade
De sentir e de ver...
Não digas nada
Deixa esquecer
.
Talvez que amanhã
Em outra paisagem
Digas que foi vã
Toda essa viagem
Até onde quis
Ser quem me agrada...
Mas ali fui feliz
Não digas nada.
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(Fernando Pessoa)
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Entre os teus lábios
é que a loucura acode,
desce à garganta,
invade a água.
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No teu peito
é que o pólen do fogo
se junta à nascente,
alastra na sombra.
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Nos teus flancos
é que a fonte começa
a ser rio de abelhas,
rumor de tigre.
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Da cintura aos joelhos
é que a areia queima,
o sol é secreto,
cego o silêncio.
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Deita-te comigo.
Ilumina meus vidros.
Entre lábios e lábios
toda a música é minha
.
(Eugénio de Andrade)
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Naquele pic-nic de burguesas,
Houve uma coisa simplesmente bela,
E que, sem ter história nem grandezas,
Em todo o caso dava uma aguarela.
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Foi quando tu, descendo do burrico,
Foste colher, sem imposturas tolas,
A um granzoal azul de grão-de-bico
Um ramalhete rubro de papoulas.
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Pouco depois, em cima duns penhascos,
Nós acampámos, inda o sol se via;
E houve talhadas de melão, damascos,
E pão de ló molhado em malvasia.
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Mas, todo púrpuro, a sair da renda
Dos teus dois seios como duas rolas,
Era o supremo encanto da merenda
O ramalhete rubro das papoulas.
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(Cesário Verde)
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Eu te amo porque te amo.
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabe sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.
.
Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.
.
Eu te amo porque te amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.
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Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor
.
(Carlos Drummond de Andrade)
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Hoje venho dizer-te que nevou
no rosto familiar que te esperava.
Não é nada, meu amor, foi um pássaro,
a casca do tempo que caiu,
uma lágrima, um barco, uma palavra.
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Foi apenas mais um dia que passou
entre arcos e arcos de solidão;
a curva dos teus olhos que se fechou,
uma gota de orvalho, uma só gota,
secretamente morta na tua mão.
.
(Eugénio de Andrade)
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Saudades ! Sim ... talvez ... e porque não ? ...
Se o nosso sonho foi tão alto e forte
Que bem pensara vê-lo até à morte
Deslumbrar-me de luz o coração !
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Esquecer ! Para quê ? ... Ah ! como é vão !
Que tudo isso, Amor, nos não importe.
Se ele deixou beleza que conforte
Deve-nos ser sagrado como o pão !
.
Quantas vezes, Amor, já te esqueci,
Para mais doidamente me lembrar,
Mais doidamente me lembrar de ti !
.
E quem dera que fosse sempre assim :
Quanto menos quisesse recordar
Mais a saudade andasse presa a mim !
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(Florbela Espanca)
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"Pus o meu Sonho no navio
E o navio em cima do Mar
Depois abri o Mar com as mãos
Com as mãos para o meu sonho
Naufragar.
.
Minhas mãos ainda estão molhadas
Do azul, do azul das ondas
Entreabertas.
.
E a cor que escorre dos meus dedos
Colora as areias desertas.
.
O vento vem
Vindo de longe
A noite se curva de frio
.
Debaixo da água
Vai morrendo o meu sonho
Vai morrendo dentro do navio
.
Chorarei, quanto for preciso,
Para fazer com que o mar cresça
E o meu navio chegue ao fundo
E o meu sonho
Desapareça."
.
(in Amália Rodrigues, Com Que Voz...)
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